segunda-feira, 11 de abril de 2016

DGS lança primeiro manual de alimentação vegetariana para crianças

A Direção-Geral da Saúde criou um manual dedicado à alimentação vegetariana em idade escolar. Este manual contem indicações sobre os cuidados a ter com as crianças e adolescentes que seguem este tipo de dieta. A alimentação vegetariana tem vantagens, mas também apresenta desvantagens, por isso este manual pode ser uma óptima ajuda tanto para os jovens, como para pais, educadores e profissionais de saúde, sobre as diversas opções existentes para quem não come carne, peixe ou produtos de origem animal.

Este “Manual Alimentação Vegetariana em idade Escolar”, disponível na página da Direção-Geral da Saúde (DGS), foi elaborado no âmbito do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Neste projecto trabalhou uma equipa multidisciplinar que inclui pediatras e nutricionistas com experiência na área, e são dadas indicações como será possível produzir refeições vegetarianas muito diversificadas recorrendo a produtos vegetais nacionais, sazonais e de proximidade, muitos deles enquadrados na tradição mediterrânica e, simultaneamente, promovendo a agricultura nacional e os seus produtos vegetais de qualidade.

Recorde-se que no passado mês de julho, a DGS lançou um manual sobre esta temática dirigido à população em geral, “Linhas de Orientação parauma Alimentação Vegetariana Saudável”. 

A necessidade de fazer aqui uma distinção por idades prende-se com o facto de os jovens, por estarem em desenvolvimento, terem necessidades nutricionais diferentes dos adultos, que podem ficar comprometidas se seguirem uma alimentação vegetariana mal feita, explicou Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

“São conhecidas todas as necessidades nutricionais para a área pediátrica. A dieta vegetariana bem planeada pode ser indicada para todos os ciclos de vida, mas decidimos fazer este manual porque há necessidades acrescidas de nutrientes”, afirmou o responsável.

Por exemplo, a ingestão diária de ferro é inferior em 80% face a não vegetarianos, Para maximizar a absorção de ferro os alimentos ricos neste mineral devem ser combinados com outros ricos em vitamina C.

Estes jovens, mas sobretudo os vegetarianos puros, que não comem ovos nem lacticínios, precisam também de suplementação em cálcio e vitamina B12.

Outro bom exemplo, é a carência de iodo, em que se recomenda a ingestão de sal iodado. Relativamente à vitamina D, as crianças e os adolescentes que não consomem alimentos fortificados ou têm uma exposição solar limitada devem recorrer à suplementação. E porque não existem muitas fontes de vitamina B12 neste regime, também pode ser necessário recorrer a bebidas fortificadas ou suplementos.
Consoante as idades, as necessidades das crianças são diferentes. Por exemplo, as crianças de 3 anos precisam de uma proporção de gordura superior às que têm entre 4 e 18. Mas necessitam, por exemplo, de uma percentagem menor de proteína. "Compete ao profissional de saúde perceber quais são as necessidades ao longo da vida da criança", destaca Pedro Graça.

“O que fizemos foi também pela necessidade de serem os profissionais a acompanhar as famílias e não serem as famílias a quererem fazer isto sozinhas, até porque o crescimento das crianças vai ser definido pela adequação da dieta, pelo que um profissional de saúde pode verificar se a alimentação está a ser adequada ao desenvolvimento da criança”, observou.

Pedro Graça destaca que este manual é o primeiro e o único destinado exclusivamente a este público-alvo e responde a uma procura crescente dos serviços de saúde para esclarecer dúvidas sobre alimentação vegetariana em crianças. 

“Não há nenhuma instituição pública com um manual destinado a crianças, não existia nenhum manual deste género, apenas sociedades com recomendações. Sentimos que há um crescente aumento de procura de informação. Quase semanalmente recebemos um ou dois pedidos de informação sobre alimentação vegetariana para crianças. Não sabemos se há preocupação, se é moda, ou se o número [de vegetarianos] está a aumentar”, indicou.

Pedro Graça indicou ainda que há cada vez mais escolas a querer oferecer refeições vegetarianas, “até para dar resposta a algumas comunidades, de vegetarianos, mais representadas em algumas regiões”, para quem este manual pode ser uma boa ajuda.

No entanto, destacou que “se uma escola quiser adotar este tipo de refeições na sua cantina, como uma alternativa aos pratos diários de carne ou peixe, terá de ter apoio técnico e profissionais habilitados”.

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